top of page
Search
  • Writer's pictureLaura Severo

Reabilitação Pulmonar, o que mudou em 20 anos?

No ano 2000, eu fiz uma formação técnica no Centro de Reabilitação Pulmonar da Escola Paulista de Medicina com o prof. José Roberto Jardim que tive a sorte de conhecer de perto. Na volta a Porto Alegre, já tendo mudado deixado a querida Santa Casa onde trabalhei por 8 anos, abrimos a unidade de reabilitação pulmonar no Hospital Moinhos de Vento.


Antes de contar se o projeto vingou, preciso falar da minha agenda/dia de 12 pacientes, distribuídos em 6 horas diárias, de 2ª a 6ª feira.


Nós, eu, Alexandra Hubner, Luciane Leonenko, Fernanda Vargas e Denise Mucillo da Silva éramos todas muito jovens e, naturalmente, entusiasmadas.


A energia e o propósito nos fizeram utilizar muito bem os recursos que tínhamos.

Na era pré pandemia em que vivíamos era possível, inclusive, trazer os pacientes internados por exacerbação da DPOC para a estrutura ambulatorial e trabalhar com eles junto aos pacientes ambulatoriais. Ou seja, otimizávamos os recursos e ampliávamos os benefícios.


Nós tínhamos aparelhos de Ventilação Mecânica Não Invasiva (VMNI) disponíveis e treinávamos músculo periférico usando este recurso como forma de o paciente suportar o esforço. Até aí nada novo, para aquele momento, pura novidade!


Nós tínhamos, também, uma estrutura de academia que permitia trabalhar carga e resistência, junto a uma equipe multidisciplinar quase completa e procurávamos compensar com esforços paralelos o que, eventualmente, faltava.


O impacto, não posso precisar, prontuários físicos, dados desestruturados e não analisados.


Os pacientes, enquanto acompanhados por nós, não internavam, nós os conhecíamos o suficiente para antecipar o agravo, identificar precocemente o risco de exacerbação e encaminhar ao médico para o início do uso de ATB, corticoide…além de espaçarmos cada vez mais os eventos de internação.


Não deu certo, o projeto durou sob a minha assistência 07 anos, eu sai antes dele acabar, mas ele não vingou! Apesar de evitarmos o pior dos desfechos - internação hospitalar - nosso projeto não se sustentou.


Reabilitação pulmonar não estava prevista na tabela de remuneração , tínhamos que cobrar como um procedimento isolado que não cobria nem o custo da hora do profissional fisioterapeuta. Além disso, o entendimento de rede na saúde suplementar era ainda mais distante. Afinal, como não ser quando a remuneração depende da utilização dos recursos, não havendo, portanto, incentivo do e no sistema para prevenir uma internação evitável.


Fico pensando como seria a viabilidade deste projeto hoje?!

Sou grata por esta oportunidade pioneira no RS que participei. Não contei acima mas construímos uma comunidade de pacientes que trocavam experiências e se fortaleciam emocionalmente enquanto faziam exercício.




0 views0 comments
bottom of page